Sydney (Austrália) – O Sydney Dance Company apresentou, em 22 de outubro de 2025, o espetáculo Continuum no palco do Roslyn Packer Theatre, conduzindo o público por duas horas de movimentos contínuos que começaram e terminaram com um simples ato de respirar.
A primeira imagem da noite foi de um único bailarino parado em completo silêncio. O som que rompeu essa quietude foi um curto e nítido inspirar, gesto que marcou o início da coreografia e simbolizou, de acordo com a proposta da montagem, uma centelha vital ou o despertar do corpo para o movimento. A partir desse instante, a companhia deu sequência a uma série de cenas conectadas, compondo o que a direção descreve como uma “cosmologia do movimento”.
Ao longo das duas horas de apresentação, bailarinos exploraram alterações de ritmo, pausas estratégicas e formações variadas no palco, criando uma narrativa coreográfica sustentada pela ideia de continuidade. Embora o foco estivesse no corpo em ação, o silêncio e a sonoridade pontual da respiração funcionaram como recurso dramático, reforçando o contraste entre pausa e fluxo.
Quando o relógio registrava aproximadamente 120 minutos de performance, o músico e compositor William Barton entrou em cena. Foi ele quem encerrou Continuum com uma longuíssima e audível exalação, ecoando pelo teatro e estabelecendo um paralelo com o primeiro suspiro da noite. Sem necessidade de palavras, o último fôlego de Barton fechou o arco iniciado na abertura, selando a proposta circular da obra.
Imagem: Internet
Com esse percurso, o Sydney Dance Company reiterou a intenção de investigar o corpo em transição constante, sem recorrer a narrativas literais. A respiração inicial e a respiração final atuaram como elementos estruturais, evidenciando o tema central do espetáculo: a percepção do tempo, da vida e do movimento como partes de um mesmo continuum.
Com informações de Dancemagazine.com.au
