Sequências de dança criadas para competições têm tomado conta dos feeds nas redes sociais. Para grupos, escolas e coreógrafos, a exposição repentina pode ser empolgante e ainda atrair a atenção do grande público para um universo antes restrito aos palcos de festivais. A coreografia “Pop Muzik”, de Molly Long para o grupo Project 21, por exemplo, tornou-se tão popular que já é reproduzida em pátios de colégios nos Estados Unidos. Mas o que exatamente transforma um número competitivo em sucesso online — e vale a pena buscar deliberadamente essa visibilidade?
Elementos que favorecem a viralização
Não existe uma equação fechada, mas especialistas apontam alguns fatores recorrentes. O juiz e coreógrafo Thomas Russ observa que movimentos expansivos, imagens fortes e narrativa clara chamam a atenção de quem rola a tela. “Cabeças marcadas com precisão, deslocamentos longos pelo palco e mudanças constantes de direção mantêm o olhar do público em movimento”, afirma.
Para a também juíza e dançarina Jocelyn Mastro, prever o alcance de um vídeo é difícil, mas produção e edição fazem diferença. Segundo ela, contar uma história de forma fluida, com filmagem nítida e ângulos que tragam o “fator uau”, aumenta as chances de compartilhamento.
Pressões trazidas pela fama digital
Estar no centro de um vídeo viral pode ampliar a cobrança sobre dançarinos que já convivem com a avaliação de jurados. Mastro lembra que, quando seus trabalhos ganharam a internet, as críticas sobre técnica e execução vieram de todos os lados. A coreógrafa e professora Kiera Letts acrescenta que a popularidade repentina pode desviar o foco dos estudos: “De repente, quem aparece no vídeo passa a ser reconhecido em convenções e torneios, algo que pode ser avassalador”.
Mastro também teme que a busca por curtidas comprometa a qualidade artística. “Quando crio, redes sociais são a última coisa em que penso. Meu tempo é dedicado à concepção, à execução e a destacar o melhor de cada bailarino”, diz.
Imagem: Thomas Russ. Photo by Lis Rohr/Photos By Lis, Courtesy Russ
Quando a visibilidade abre portas
Apesar dos riscos, a fama virtual pode gerar oportunidades concretas. Russ relata casos de dançarinos contratados para trabalhos profissionais após a repercussão de uma apresentação. “Quanto mais seu nome circula, maiores as chances de convites de estúdios ou produtores”, comenta.
Letts acrescenta que vídeos virais ampliam o alcance de um segmento antes visto como nicho. “Estamos impactando muito mais gente graças às redes sociais”, afirma.
Com experiência própria em clipes de grande alcance, Russ aconselha os pupilos a aproveitar o momento com equilíbrio: manter valores pessoais, cuidar do bem-estar e contar com uma rede de apoio são, para ele, requisitos para transformar a fama online em impulso para a carreira.
Com informações de Dancespirit